Instituto Cultural Oswaldo Galotti
O Instituto Cultural "Oswaldo Galotti" é uma Organização não governamental que vai abrigar assuntos com a intenção de colaborar com os leitores nos mais variados segmentos abordados. Haverá espaços para todas as manifestações culturais, para todos que queiram expor suas idéias, contrapor o que foi publicado, publicar seus artigos, opinar.
O patrono da ONG, o médico Dr. Oswaldo Galotti faleceu no dia 13 de agosto de 2001, aos 90 anos de idade. Teve sempre uma atuação de respeito ao próximo, trabalhando para o desenvolvimento da sociedade e para bem estar do cidadão. Teve atuação definida e firme, participando da organização de várias entidades representativas como Rotary Clube, Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura, Associação Comercial, Santa Casa de Misericórdia de São José do Rio Pardo, etc. Destacou-se em sua profissão e como intelectual, dedicando grande parte de seu tempo ao estudo do pensamento euclidiano. Em São José do Rio Pardo, cidade onde morou durante a maior parte de sua vida, criou em 1938 a SEMANA EUCLIDIANA, movimento cultural que deu destaque à cidade no cenário nacional e internacional. Oswaldo Galotti
"É possível imaginá-lo isolado, não médico, sem a família talvez, mas é impossível pensar o doutor Galotti sem Os Sertões e seu criador".
A frase com que Wladimir Pereira Júnior encerrou o discurso proferido na inauguração, dia 10 de agosto de 2002, em São José do Rio Pardo, do Centro de Estudos e Pesquisas Euclidiano que leva o nome de seu tio, doutor Oswaldo Galotti, é irretocável para exprimir a dedicação de um dos maiores guardiães da memória do autor de Os Sertões.
Nascido em 1911 na cidade de Espírito Santo do Pinhal, em São Paulo, Oswaldo Galotti foi o segundo dos sete filhos de Frrancisco Galotti e Fédora Del Guerra Galotti. Ex-soldado constitucionalista na Revolução de 1932, formou-se em medicina pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1933. Dois anos depois, Galotti se instalaria em São José do Rio Pardo para trabalhar como oftalmologista e otorrinolaringolgista, lá permanecendo até 1964.
Neste ano mudou-se para São Paulo depois de Ter sido preso e julgado por seu empenho na implantação do Esstatuto da Terra, que havia sido promulgado pelo governo João Goulart. Na capital paulista cursaria a Faculdade de Higiene, chegaria à direção da Santa Casa e ajudaria a fundar a Associação Paulista dos Hospitais
Durante o período em que residiu em São José do Rio Pardo, Galotti teve intensa atividade médica e comunitária. Na Santa Casa local, desenvolveu um trabalho que viria a fazer da cidade um centro fundamental para a medicina do interior. Também fundou a seção regional da Associação Paulista de Medicina e organizou o Sindicato dos Trabalhadores na Lavoura e foi sócio-fundador, secretário e presidente do Rotary Clube, além de governador do Distrito 459, entre outras destacadas atuações.
Seu nome, no entanto, saltaria da órbita médica e social para inserir-se de maneira definitiva no plano da cultura a partir de 1937, quando, tendo participado, ano anterior da Comissão Organizadora dos Festejos Euclidianos, por sua iniciativa, em 1938, foi criada a Semana Euclidiana que projetou São José do Rio Pardo nacionalmente.
As primeiras Semana Euclidiana, não raro foram realizadas às suas expensas. Mais que isso: em sua própria casa. Para ela Galotti mobilizava irmãs, cunhados, amigos. Sua iniciativa reformulou um movimento que se iniciara em 1912 com uma romaria à cabana de zinco às margens do rio Pardo onde Euclides da Cunha escreveu Os Sertyõe, dando-lhe características que permanecem até hoje (2005)
Ao longo de mais de 60 anos, o médico iria se dedicar a Euclides e sua obra. Foi presidente do Grêmio Euclides da Cunha e secretário e diretor da Casa de Cultura Euclides da Cunha, no período entre 1946 e 1948. Escreveu artigos, deu aulas, orientou pesquisadores incentivou estudantes, emprestou seu acervo a quem precisasse. Manteve contato permanente com a família do escritor para o traslado dos restos mortais de Euclides da Cunha e seu filho "Quidinho" para São José do Rio Pardo, envolvendo-se pessoalmente em todas as providências tomadas, desde a exumação no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, até o spultamento, em 1982, no hoje Mausoléu de Euclides da Cunha
Viajou o país inteiro – em especila para Canudos, na Bahia – em busca de informações que pudesem colaborar no fortalecimento de seus conhecimentos sobre o euclidianismo. Também esteve nos países em que Os Sertões foi traduzido, visitando bilbiotecas e conhecendo estudiosos. Colecionou uma enormidade de artigos, livros e documentos, constituindo um acervo que a família, após sua morte. Doou à Casa de Cultura Euclides da Cunha – dando origem ao Centro de Estudos e Pesquisas Euclidiano ": Dr. Oswaldo Galotti", logo considerado uma referência obrigatória para quem pretende se aprofundar na obra do autor de À margem da História.
Em co-autoria com a professora Walnice Nogueira Galvão, Galotti escreveu Correspondência de Euclides da Cunha (São Paulo: Edusp; 1997) resultado de exaustiva e demorada pesquisa. Na dedicatória do exemplar que lhe ofereceu, Walnice assim se expressou "...o maior e o mais dedicado dos euclidianistas, cujo desprendimento manteve até hoje seu nome ausente da capa de tantos outros trabalhos de que é, no mínimo, co-autor". Oswaldo Galotti morreu em 13 de agosto de 2001, em São Paulo. Foi velado na Câmara Municipal de São José do Rio Pardo e na Casa de Cultura Euclides da Cunha. O sepultamento ocorreu no dia seguinte.