Marly Terciotti
A Júlia, minha amiga nissei de peregrinação, passou-me um e-mail convidando para uma caminhada de quatro dias: de Mococa a Águas da Prata, pelo Caminho da Fé (seguindo as flechas amarelas). Fiquei entusiasmada com a ideia, pois fazia tempo que não caminhava. Combinamos a data, confirmei minha participação de São José até São Roque da Fartura, dos quatro dias, faria apenas dois. Pensava que seria apenas a Júlia e uma amiga, a Karen, que já havia feito uma caminhada conosco (de Vargem Grande a Águas da Prata), porém a adesão a esta caminhada foi expressiva: seis mulheres e um homem.
A turma vai aumentando, através das caminhadas. Conforme caminhamos, amigos e histórias interessantes vão sendo acrescentadas em nossas vidas. Apesar de dores (pernas, costas, ombros...) que cada um vai adquirindo ao longo da existência... A minha mais recente é na sola dos pés. Ao longo do tempo, vamos adquirindo deficiências físicas, mas a persistência e a luta de melhorar é um propósito positivo, para não engessar a vida e deixar de fazer o que gostamos. Cada dia, uma superação nova de limites.
Ruth, Mocinha, Júlia, Karen, Célia e José Carlos.
Os peregrinos chegaram em São José, vindos de Mococa, à tardezinha de uma sexta-feira , já eram quase 15h00 , quando liguei para o celular da Júlia, ela estava com a Karen tomando coca-cola em um supermercado, o Teixeira, no Vale do Redentor. Disse que a Karen estava muito cansada. Pedi para ficarem lá que eu iria resgatá-las imediatamente. Quando tirei o carro da garagem, na esquina, vinham chegando duas peregrinas, com mochilas, chapéu e cajados. Buzinei e parei. Eram Ruth e Célia. Deixei o carro estacionado e voltei a pé com elas até em casa, para acomodá-las. Retornei, em seguida, para o resgate das outras duas, no Vale. Na Ponte Euclidiana, cruzo com um casal de peregrinos, ainda não os conhecia (José Carlos e Mocinha), como aparentavam estar bem, continuei ao meu propósito, já estava atrasada. Parei no primeiro supermercado Teixeira, perto da Igreja do Santo Antônio, aí fiquei sabendo que existia uma filial, no Vale do Redentor. Continuei a minha missão. Chegando lá as duas já haviam saído. Eu havia demorado muito. Fiquei procurando pelas ruas do Vale até encontrá-las. O resgate era necessário. A Karen estava exausta.
As quatro mulheres: Júlia, Célia, Karen e a Ruth, ficaram na minha casa. A Mocinha e o José Carlos tinham reserva no Hotel Paulista. À noite, fomos à Curva do Peixe tomar caldo e beliscar tilápia fritas. Uma delícia!!!
Na manhã seguinte, saímos às 7h00, via caminho da fé, até São Sebastião da Grama. Até lá, por asfalto, são 16 km, pelo Caminho da Fé, 25 km, porque passa dentro de fazendas, por caminhos de terra, para fugir, o máximo possível, do asfalto.
Karen, Júlia, Marly, Célia, Mocinha e Ruth (fotógrafo José Carlos)
A parada para descanso, água, banheiro e comida foi no Viverão. É a segunda vez que Júlia e eu paramos lá. O “Quim”, proprietário, é simplesmente maravilhoso, nos proporciona tudo isso, mais café, biscoito, um bom papo, muitas risadas.... Reabastecemos o corpo e a mente. Um de seus filhos sugeriu-lhe fazer, no Viverão, uma parada de Repouso de Peregrino. Temos que divulgar essa possibilidade impar aos organizadores do Caminho da Fé.
Fizemos as contas e já havíamos caminhado uns 11 km, quase metade. Só que os quilômetros restantes eram os piores, uns três de asfalto e mais 11 Km de subida continuada, dentro de fazendas, num dia ultra quente. Foi quando a Ruth (com seu iphone) pediu um taxi, ao dono do Hotel de Grama, acompanhou-a a Karen que já sentia, nessa altura, os pés e as costas.
Continuamos a caminhada: Júlia, Célia, Mocinha, José Carlos e eu. Este trecho, “acho” que não quero fazer novamente, é a quarta vez, é muito forte, pesado, cansativo....ainda bem que levei um guarda-chuva, pensando na chuva, que só aconteceu à noite, utilizei-o em parceria de braços com a Júlia, foi o que minimizou “um pouco” o sol que castigava. A Célia também levou uma sombrinha dobrável, que, quando não ventava, amenizava os raios solares implacáveis.
Mocinha à frente, Júlia, Marly e Célia atrás ( fotógrafo José Carlos)
Paramos muito para tomar água e descansar....não chegava nunca....Enfim, a visão da cidade. Chegamos às 16h00, sonhando encontrar logo um bar e tomar uma geladíssima coca-cola. E assim fizemos, Júlia e eu, os demais já haviam chegado no Hotel. O José Carlos só caminhou até São Sebastião da Grama. À noite fomos à “Cachaçaria” jantar, um lugar charmoso com comidas saborosas.
Na manhã seguinte, por ser domingo, o café só seria servido no Dunha´s Hotel, às 07h30min. Fomos à padaria, tomar café com pão e manteiga e fazer o lanche para o trajeto. Conseguimos começar a caminhar às 07h00. Na véspera, a Rute, a estrategista do grupo, combinou o taxi para levar nossas mochilas extras, com os pertences mais pesados e menos utilizados. Levamos apenas uma mochila menor e mais leve: com água, lanche, frutas, barra de cereais, grãos, protetor solar e capa de chuva...o básico do básico. E, na outra mochila, que é levada pelo taxi: troca de roupa, produtos de higiene e banho, chinelo, casaco leve...também, apenas o necessário.
O dia estava menos quente e a paisagem lindíssima, foi muito agradável. Toda hora, verbalizávamos que queríamos parar para comer no Mosteiro São Bento, uma pousada desativada, porém com água, sombra e casa com varanda ao lado. Sentamos numas pedras, na frente da casa com varanda. Ouvíamos vozes, altas...batemos palma, chamamos: “Ó de casa!!!!” Nada.... A porta continuava fechada. Então resignamos, começamos a comer o nosso lanche. A Júlia preparou um suco de uva, de saquinho....de repente, aparece uma pessoa na janela. Pedimos água para repor nossas garrafas. A pessoa fez com as mãos que esperássemos um pouco. Uma mulher abriu o portão e convidou-nos para entrar pelos fundos. Acreditem!!!! Havia coca-cola gelada e o marido estava fazendo churrasco. Uma benção!!!! Mostraram-nos a casa da sede, onde, em pouco tempo, voltará a funcionar a pousada, uma maravilha!!! Falei que gostaria de pegar uma carona até São Roque, pois já havia andado o bastante naquele dia, penso uns 20 km, aí a mulher do caseiro ofereceu para levar, que era muito perto (faltavam uns 7 km). Então a Karen também quis ir, seus pés...sua mochila....combinamos que levaríamos a Júlia até no trecho de asfalto ( uns 3,5 km) e, depois, ela seguiria a caminhada pela estrada de terra. Assim foi feito.
A Júlia encontrou a Ruth, a Célia e a Mocinha, no caminho. Não seguiu sozinha, uma intervenção da Madrinha, Nossa Senhora Aparecida.
No outro dia, iam fazer o último trajeto, de São Roque da Fartura até Águas da Prata, 16 km, Júlia, Karen, Célia, Mocinha e Ruth. Este trajeto é mais descida e muito bonito.
À cada caminhada sentimos mais o peso dos anos, mas, por outro lado, acrescentamos vivencia, amizades, esperanças, possibilidades...... é sempre uma nova proposta de vida, com reflexões e aprendizado. Louvado seja meu Deus!!!!Por mais esta oportunidade!!!! Com os agradecimentos eternos à Madrinha.
São José do Rio Pardo, caminhada de 19 a 22 de outubro de 2012.
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