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Crônicas

O diálogo...

Dr. Luiz Fernando Panico (*)


Num passado recente, tomei a iniciativa de conversar com alguns amigos que usavam o espelho para dialogar com a sua imagem. Eu pude perceber que alguns deles sentiam-se constrangidos em tocar no assunto, enquanto outros relatavam as suas experiências iniciadas ainda jovens, mas que certamente as partes envolvidas do corpo eram outras. Caso sinta a vontade de tomar essa iniciativa, não fique reticente, aqui vai um conselho para que seus desejos sejam almejados: o diálogo deve ser iniciado pela manhã, após uma noite tranqüila de sonhos, assim você terá a oportunidade de que seja harmonioso.

Nos parágrafos subseqüentes, você poderá constatar que, após uma noite mal dormida, contrariei os meus princípios e acabei encontrando dificuldades para estabelecer um diálogo sem rusgas, com a minha imagem.

Ao me olhar no espelho, ouço a voz da minha imagem exclamar, com certo desdém:

- Que nasal!

Como quem desejasse esconder a iniciativa de passar os dedos sobre o meu nariz, desviei o meu olhar. Constrangido, só me restou murmurar:

- É o meu nariz.

Como quem desejando se justificar por ter tocado num assunto que me deixava contrariado, a minha imagem insinuou:

- Eu apenas externei algo que me parece evidente. Não faz muito tempo, você reclamou da dificuldade que tinha para me enxergar com nitidez. Naquele dia fiquei apreensiva depois de vê-lo acender todas as luzes do banheiro e mencionar, num tom de revolta, o desejo de não retardar mais a sua cirurgia de catarata.

- Eu já fiz uma cirurgia para melhorar a minha visão. Na semana subseqüente, voltei ao consultório do médico que havia me operado. Depois de um exame minucioso, ele constatou que a minha visão estava ótima para a minha faixa etária.

Demonstrando aparente insatisfação diante dos argumentos que havia exposto, a minha imagem tentou se justificar:

- Alias não é só o nariz que está exuberante. As suas orelhas, de uns tempos para cá, parecem ter aumentado de tamanho. Acho que chegou o momento de pensar o que deve ser feito para melhorar a estética do seu rosto.

- Não sei se você sabe, depois de certa idade, as orelhas não só aumentam de tamanho, como ficam endurecidas. Somada as esses fatores, a queda de cabelos dá uma nova conformação ao rosto, o que faz com que a pessoa sinta saudades da sua juventude. Por outro lado, não é incomum, nessa faixa etária, algumas pessoas, mesmo com o nariz e as orelhas compondo harmoniosamente o rosto, apresentarem dificuldades para respirar e ouvir. Nesses casos, o som nasalado, associado a dificuldade de ouvir torna os diálogos nada agradáveis.

- Eu tenho a consciência da importância do seu nariz, assim como das suas orelhas. Quando eu fiz essas observações, não pensei que você poderia ficar tão irritado.

- Sem eles esse diálogo seria impossível.

- Eu não queria insistir sobre esse assunto, mas você sabe que o seu nariz me fez relembrar um pássaro que é usado num logotipo de um partido político.

- Você está se referindo ao tucano.

- Sim. Quem sabe o idealizador desse projeto desejou mostrar a importância do olfato na vida dos brasileiros.

- Eu não havia pensado nesse assunto

Naquele momento a minha imagem me surpreendeu mais uma vez, ao insinuar:

- Não lhe parece entristecedor que “algumas pessoas†têm usado o olfato com outros propósitos?

É do conhecimento de uma parcela significativa da sociedade que pessoas encontram “dificuldades†para Conviver num mundo em constante evolução. Quando isso acontece, uma geração perde a esperança de um futuro dignificante para si e para seus descendentes. Então só lhes restará conviver com um sentimento de revolta.

- Veja como a nossa conversa fluiu para algo importante.

– Nesses momentos, a força do diálogo transborda o desejo de uma alma reprimida. .




(*)Ginecologia/Obstetrícia





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