Rodrigo Viana, em O Escrivinhador
Dono do Estadão
publicada quarta-feira, 22/05/2013 Ã s 10:44
Ruy Mesquita, morto aos 88 anos, pertenceu à geração que arruinou o Estado de S. Paulo (…) Sucessivos editores fora da famÃlia, nestes anos todos, ajudaram a matar o Estadão. Três nomes merecem destaque: Sandro Vaia, perto de quem Ruy Mesquita era um homem de esquerda. Augusto Nunes, que jamais soube para onde deveria caminhar um jornal. E Pimenta Neves, que foi realmente ganhar renome nas páginas policiais. Os três foram mais coveiros que editores, a rigor.
\"Homem de convicções - quais?\"
por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
Pode sugerir que o governo já não está imobilizado, de joelhos, diante das grandes empresas de mÃdia, brindadas ao longo dos tempos com espetaculares mamatas por sucessivas administrações.
Lula, em seu elogio fúnebre, disse que Roberto Marinho era um brasileiro que esteve sempre “a serviçoâ€, e comparou-o ao pobre Carlitos Maia, que ainda hoje deve estar se chacoalhando em sua última morada por conta da comparação.
Dilma, bem mais comedida, disse que Ruy Mesquita foi um “homem de convicçõesâ€. Só não disse, inteligentemente, quais eram estas convicções.
Ruy Mesquita, morto aos 88 anos, pertenceu à geração que arruinou o Estado de S. Paulo. Se você, com algum esforço, pode atribuir o declÃnio da Folha à internet, no caso do Estadão não existe esta atenuante.
O Estado foi vÃtima de si próprio e de uma famÃlia controladora que quis administrar o negócio e o conteúdo ao mesmo tempo sem ter talento para uma coisa e nem para a outra.
Não bastasse a falta de competência, os ramos em que a famÃlia se dividiu acabaram se atracando numa guerra civil em que o objetivo parecia ser destruir os primos e os tios que estavam do outro lado.
A miopia editorial se traduziu na incapacidade de perceber que o paÃs mudara no final da ditadura militar, sob Figueiredo.
Os militares estavam já extraordinariamente enfraquecidos depois de uma obra desprezÃvel em todas as áreas – na economia, na polÃtica, no campo social.
Enquanto o Estadão publicava receitas num gesto oco e vazio para responder à censura, a Folha erguia a bandeira das Diretas Já.
Ruy Mesquita comandou a maior parte do tempo a segunda divisão dos jornais da famÃlia, o Jornal da Tarde. Tinha ao lado filhos com as mesmas incapacidades administrativas e editoriais, entre eles Fernão Mesquita, que editou pessoalmente o jornal por mais tempo do que deveria.
Sucessivos editores fora da famÃlia, nestes anos todos, ajudaram a matar o Estadão. Três nomes merecem destaque: Sandro Vaia, perto de quem Ruy Mesquita era um homem de esquerda. Augusto Nunes, que jamais soube para onde deveria caminhar um jornal. E Pimenta Neves, que foi realmente ganhar renome nas páginas policiais.
Os três foram mais coveiros que editores, a rigor.
O verdadeiro epitáfio de Ruy Mesquita diria o seguinte: foi um homem que defendeu os interesses de poucos, e nisso foi tão inepto que não soube defender sequer os seus, representados nos jornais da famÃlia. De quebra, contribuiu vigorosamente para que o Brasil se transformasse num dos campeões mundiais da desigualdade.
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